quinta-feira, 26 de maio de 2011

Panacéia na Rádio UDESC FM


Nesta quarta-feira 25/05, o Grupo Panacéia esteve em Joinville no estúdio da Rádio Udesc Fm, para gravar a sua participação o programa "Cinema No Ar".
O Diretor Robson Rodrigues, e os atores Rafael Rodrigues e Rafael Padawan, foram convidados para falar sobre o filme "Lisbela e o Prisioneiro", cultura popular nordestina e um pouco sobre a sua pesquisa para a montagem do seu espetáculo "Baião de 2".

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O Ator

Por mais que as cruentas e inglórias batalhas do cotidiano tornem um homem duro ou cínico o suficiente para fazê-lo indiferente às desgraças e alegrias coletivas, sempre haverá no seu coração, por minúsculo que seja, um recanto suave onde ele guarda ecos dos sons de algum momento de amor já vivido.
Bendito seja quem souber dirigir-se a esse homem que se deixou endurecer, de forma a atingi-lo no pequeno porém macio núcleo da sua sensibilidade. E por aí despertá-lo, tirá-lo da apatia, essa grotesca forma de auto-destruição a que por desencanto ou medo se sujeita. E por aí inquietá-lo e comovê-lo para as lutas comuns da libertação.
O ator tem esse dom. Ele tem o talento de atingir as pessoas nos pontos onde não existem defesas. O ator, não o autor ou o diretor, tem esse dom.
Por isso o artista do teatro é o ator. O público vai ao teatro por causa dele. O autor e o diretor só são bons na medida em que dão margem a grandes interpretações.
Mas o ator deve se conscientizar de que é um cristo da humanidade:
Seu talento é muito mais uma condenação do que uma dádiva. Ele tem que saber que para ser um ator de verdade, vai ter que fazer mil e uma renúncias, mil e um sacrifícios.
É preciso coragem, muita humildade e, sobretudo, um transbordamento de amor fraterno para abdicar da própria personalidade em favor de seus personagens, com a única intenção de fazer a sociedade entender que o ser humano não tem instintos e sensibilidades padronizados, como pretendem os hipócritas com seus códigos de ética.
Amo o ator nas suas alucinantes variações de humor, nas suas crises de euforia ou depressão. Amo o ator no desespero de sua insegurança, quando ele, como viajor solitário, sem a bússola da fé ou da ideologia, é obrigado a vagar pelos labirintos de sua mente procurando, no seu mais secreto íntimo, afinidades com as distorções de caráter de seu personagem.
Amo o ator mais ainda quando, depois de tantos martírios, surge no palco com segurança, oferecendo seu corpo, sua voz, sua alma, sua sensibilidade para expor, sem nenhuma reserva, toda a fragilidade do ser humano reprimido, violentado. Amo o ator por se emprestar inteiro para expor à platéia os aleijões da alma humana, com a única finalidade de que o público se compreenda, se fortaleça e caminhe no rumo de um mundo melhor, a ser construído pela harmonia e pelo amor.
Amo o ator consciente de que a recompensa possível não é o dinheiro, nem o aplauso, mas a esperança de poder rir todos os risos e chorar todos os prantos.
Amo o ator consciente de que, no palco, cada palavra e cada gesto são efêmeros, pois nada registra nem documenta sua grandeza.
Amo o ator e por ele amo o teatro. Sei que é por ele que o teatro é eterno e jamais será superado por qualquer arte que se valha da técnica mecânica...

Plínio Marcos

terça-feira, 26 de abril de 2011

De Mundo Afora e FESTA a Dentro


Foram quase 600 km rodados para encontrar com “Deolindo e Genoveva”, pra só aí o “Cortejo” começar.
“Palhaços à Vista”, a “Circunstância” fez um pequenino gritar, e a “Magia da Lua” com a “Navalha na Carne” promoveu o “Encontro de Dois” que vinha a calhar, e de tantos esperar eles desapareceram. Que desfeita tu fizeste, como pode armar este “Circo Godot”.
Foi aí que a coisa começou a desandar, “A Bruxinha Cor de Rosa” e “O Marajá Sonhador”, foram até o “Vulcão” no “Tenesse” ver os “Homens de Papel” atearem fogo no “Caderno da Morte”.
Como se já não bastasse isso tudo, pela estrada afora a menina do “Chapeuzinho Vermelho” foi levar para a vovó um “Baião de 2” feito de “Panacéia”, onde já se viu uma coisa dessas, só mesmo numa “FESTA” que dura 53 anos.
Mas ela não para por aí não, lá do sul veio um “Abração” que nos fez “Sobrevoar” o “Labirinto Strangenos”, é eu sei, um nome estranho pra um labirinto, mas o que fazer, se de nomes também conheci um lugar que nada tinha a ver com o seu, “A Cidade das Donzelas”, que de donzela não tinha nada, era cheio mesmo de dragão, e foi lá que Carolino se desgarrou de sua “Trupe Sem Dinheiro” e encontrou seu caixão.
De “Casos Cascudos”, “O Palhacinho Triste e a Rosa” chegaram diante do abismo que havia entre “Pai e Filho”, e só voltaram a sorrir quando viram surgir o radiante “Mucurana”.
Assim as coisas seguiam, “Do Trecho” ouvimos “Contos de Lua no Chão”. A essa altura tava tudo de ponta cabeça, porque olhe só minha gente, “Presta Atenção” que lá tinha até um “Homem que queria ser Rita Cadillac”, vê se pode. “Eh Pagu, Eh”.
Vejam bem que a brincadeira foi tomando tamanha proporção que foi feita uma “Ciranda” que até Villa Lobos gostaria de participar.
O “Olho da Rua” nos levou a sua “Terra Papagalli” para conhecermos “Olhos de Fazer Morder” que tinha “Colo de Açucar”.
Aí já não se podia mais voltar atrás, todos se pergutavam, “Kd Eu?” “Cadê tu?” “Cadê Nós?” Era sapo falando com Bob Marley, saco de lixo em sua odisséia no espaço, burro falante virando anjo e até o velho JC trabalhando como jardineiro, que tudo só podia acabar numa grande palhaçada.
E lá se foram 9 dias dentro do mais onírico dos universos, que mesmo com seus altos e baixos levaram tantos a momentos de êxtase e contemplação, que assim como eu depois desta FESTA não perderão mais nenhuma.
Agora “Respeitável Público”, eu vos peço licença, porque vou virar a noite pra tomar café.


Padawan, outono de 2011.